"O universo parece brincar de desencaixar, enquanto a vida só sabe obedecer."

maio 30, 2010

Conto de uma estrela singular - Parte I

   Estava tão decidida, mas ainda assim se sentia tão aflita quanto medrosa. Não é incomum o medo do desconhecido, não se pode prever o que tem logo ali, onde não se consegue ver. Mas o medo foi feito para ser vencido, ao menos era isso que forçava-se a repetir tantas vezes quanto pudera. Não conseguiu se auto-convencer, se sentiu envergonhada, preferiu se trancar numa realidade paralela e se desprendeu da sua própria. Foi assim, aliás, é assim.
   Diferente de toda e qualquer estrela que já se ouviu falar, essa pequena estrelinha não se desprendeu do nosso querido e zeloso Céu por amor ao esplêndido e convidativo Mar. Essa estrelinha caiu por amor ao que se quer sabia o que era, ao desconhecido que vivia no Mar, o desconhecido pedacinho esverdeado que passava despercebido pelos outros astros.
   Se fez cadente. Caiu por amor ao que agora conhece bem, a Terra.
   O Mar, ao receber uma estrela torna-a estrela-do-mar, seres um tanto quanto diferente do que eram, mas tão acolhidos e amados que sequer se importam. Já a distinta Terra acolhe seus nobres visitantes de uma maneira muito mais perspicaz. Estrelas que chegam à Terra se misturam com o barro e tornam-se seres humanos.

2 comentários:

Razek Seravhat disse...

Estou publicando seu conto no lenitivocultural.blogspot.com
Espero que não se importe

Ternura sempre!

Thândara Mota disse...

Ah, se me der algum crédito. Não me importarei e, até, ficarei feliz. ^^'

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