Estava tão decidida, mas ainda assim se sentia tão aflita quanto medrosa. Não é incomum o medo do desconhecido, não se pode prever o que tem logo ali, onde não se consegue ver. Mas o medo foi feito para ser vencido, ao menos era isso que forçava-se a repetir tantas vezes quanto pudera. Não conseguiu se auto-convencer, se sentiu envergonhada, preferiu se trancar numa realidade paralela e se desprendeu da sua própria. Foi assim, aliás, é assim.
Diferente de toda e qualquer estrela que já se ouviu falar, essa pequena estrelinha não se desprendeu do nosso querido e zeloso Céu por amor ao esplêndido e convidativo Mar. Essa estrelinha caiu por amor ao que se quer sabia o que era, ao desconhecido que vivia no Mar, o desconhecido pedacinho esverdeado que passava despercebido pelos outros astros.
Se fez cadente. Caiu por amor ao que agora conhece bem, a Terra.
O Mar, ao receber uma estrela torna-a estrela-do-mar, seres um tanto quanto diferente do que eram, mas tão acolhidos e amados que sequer se importam. Já a distinta Terra acolhe seus nobres visitantes de uma maneira muito mais perspicaz. Estrelas que chegam à Terra se misturam com o barro e tornam-se seres humanos.