Tenho estado tão chafurdada nesse novo mundo que me desliguei do que já fui. O Céu até fez greve de abraços! Não é uma peculiaridade minha, os sereszinhos daqui comumente esquecem rápido das coisas. Temo por um dia me desligar por completo de tudo e num golpe de amnésia perca a razão e duvide da minha própria existência. Eu já vi disso por aqui.
Céu, novamente te agradeço por seus abraços. Você ter voltado atrás foi fundamental pra eu não esquecer o quão é lindo viver.
setembro 27, 2010
julho 31, 2010
Conto de uma estrela singular - Parte IV 08:56
Até aqui, a estrela tinha superado tudo que encontrara, mas agora, sentiu pela primeira vez o cortante medo. Ao se aventurar no mundo em que existia milhares iguais a ela, não houve tempo de pensar nada, estava muito confusa. As pessoas, assim nós chamamos, são seres frios e individuais. A estrela não teve sucesso em nenhuma tentativa de aproximação. Uma vez apareceu um rapaz todo de azul e com um bastão nas mãos, e a machucou tanto, que a estrelinha passou a evitar pessoas.
Tentou achar o caminho de volta para floresta, não conseguiu. Cá estava passando fome, frio e insegurança incontrolável. Começou a definhar em si mesma. Pensamentos de ódio rondaram sua cabeça, mas se limitou a lamentar-se. Lamentou não ter amado a Terra como ela merecia. E lamentou a existência de seres como ela.
Quando já estava fraca o suficiente, conseguiu achar de novo a floresta. Mas sem forças para sobreviver, abraçou a Terra como podia, pediu desculpas e chorou incansavelmente. Naquele dia, a Terra se irritou. Aconteceu o que agora conhecemos como terremoto. A Terra engoliu o corpo da estrelinha e com os últimos suspiros de vida transformou-na em uma semente. A estrelinha agora era inferior ao que era antes, não conseguia se expressar, mas mesmo assim, não se tem dúvida de que está a mais feliz.
Tentou achar o caminho de volta para floresta, não conseguiu. Cá estava passando fome, frio e insegurança incontrolável. Começou a definhar em si mesma. Pensamentos de ódio rondaram sua cabeça, mas se limitou a lamentar-se. Lamentou não ter amado a Terra como ela merecia. E lamentou a existência de seres como ela.
Quando já estava fraca o suficiente, conseguiu achar de novo a floresta. Mas sem forças para sobreviver, abraçou a Terra como podia, pediu desculpas e chorou incansavelmente. Naquele dia, a Terra se irritou. Aconteceu o que agora conhecemos como terremoto. A Terra engoliu o corpo da estrelinha e com os últimos suspiros de vida transformou-na em uma semente. A estrelinha agora era inferior ao que era antes, não conseguia se expressar, mas mesmo assim, não se tem dúvida de que está a mais feliz.
Fim.
julho 10, 2010
Conto de uma estrela singular - Parte III 07:51
Aprendeu muito. Descobriu a fome, a sede, o sono, o frio, o calor e, ainda, uma solução para tudo. Descobriu a utilidade de árvores, as vantagens e riscos dos animais. O que ainda não tinha descoberto é que não era única. Achava-se superior, imperatriz da selva, não tinha visto nenhum animal com habilidades como as suas. Urrava, gritava, ria, corria.
Não tinha descoberto casa, talvez porque nunca precisara, e assim cabia numa perfeita nômade selvagem. Punha-se a andar e andar e andar. Em uma dessas andanças ficou por demasiado surpresa. Achara, até então, que já tinha descoberto de tudo. No entanto, agora, via-se diante de muitos outros mistérios a ser desvendados.
A estrelinha não sabia, mas tinha caído numa floresta. Não poderia ter caído em lugar melhor. E por andar e andar e andar, acabara por estar a 'porta' de um outro lugar, o que, para nós, é a civilização. Ah, pobre estrelinha! Não sabia se sentia medo ou se ficava felicíssima. Via que não era mais única, existiam muitos outros como ela e eles eram estranhos pois faziam sons e se entendiam com barulhos, sinais. Tinha trocentas coisas que não fazia a mínima idéia do que podia ser. Não esperou nem mais um segundo, invadiu aquele mundo e pôs-se a descobrir.
junho 05, 2010
Conto de uma estrela singular - Parte II 16:57
Agora estava no tão amado pedacinho perdido no incrível mar. Sequer conseguia se conter, nem notara que tudo estava diferente. Se jogou ao chão e pôs se a brilhar. Ou tentou. Sentiu seu corpo molhado, aliás, sentiu.
Estrelas não sentem, ao menos não como os sereszinhos daqui da Terra. Mas cá a estrela singular já podia sentir, pensar, deduzir, saber, se mover e um montão de outras coisas que a deixaram mais feliz do que jamais pensara em estar. Nem se importou em não poder mais brilhar. A Terra, a acolhedora, dera a ela um novo corpo e algo para governá-lo, um cérebro que permitia a ela todas as sensações do mundo. A pobre estrelinha ainda não sabia o usar bem, mas aprendia com tamanha facilidade que passava a amar tanto a descoberta que deixava esfacelar o tão nobre amor que a fez cair pela Terra.
maio 30, 2010
Conto de uma estrela singular - Parte I 18:38
Estava tão decidida, mas ainda assim se sentia tão aflita quanto medrosa. Não é incomum o medo do desconhecido, não se pode prever o que tem logo ali, onde não se consegue ver. Mas o medo foi feito para ser vencido, ao menos era isso que forçava-se a repetir tantas vezes quanto pudera. Não conseguiu se auto-convencer, se sentiu envergonhada, preferiu se trancar numa realidade paralela e se desprendeu da sua própria. Foi assim, aliás, é assim.
Diferente de toda e qualquer estrela que já se ouviu falar, essa pequena estrelinha não se desprendeu do nosso querido e zeloso Céu por amor ao esplêndido e convidativo Mar. Essa estrelinha caiu por amor ao que se quer sabia o que era, ao desconhecido que vivia no Mar, o desconhecido pedacinho esverdeado que passava despercebido pelos outros astros.
Se fez cadente. Caiu por amor ao que agora conhece bem, a Terra.
O Mar, ao receber uma estrela torna-a estrela-do-mar, seres um tanto quanto diferente do que eram, mas tão acolhidos e amados que sequer se importam. Já a distinta Terra acolhe seus nobres visitantes de uma maneira muito mais perspicaz. Estrelas que chegam à Terra se misturam com o barro e tornam-se seres humanos.
maio 13, 2010
Retalhos contados 17:19
Eram várias vezes, ao acabar de nascer estrelinhas já se chocavam com aquele imenso planeta azul. Ah, o mar. Era como chamavam o planeta, aliás, provavelmente ainda o chamam assim.
Pense numa imensidão, é assim onde vivem as estrelas. Estrelas não tem cérebro, não sentem nada. Ou melhor, sentem, mas de uma forma diferentíssima. Estrelas podem sentir o amor. Não como se entende por aqui. Mas acho que elas sentem o amor como ele realmente é.
É difícil descrever a vida de uma estrela, o que se sabe é que é o ser mais brilhante que existe, mais até que o sol. Brilham mais do que podem, mais do que a própria vida. E ainda são os seres mais apaixonados.
Ah, o mar. Muitas e muitas estrelas se apaixonam perdidamente por ele. Volta e meia se pode ver uma estrela cadente se entregando ao seu amor.
Ah, o mar. Tão grande, tão formoso mesmo sem forma. Lisonjeado, acolhe cada estrelinha com o mais cuidadoso carinho. Estrelas-do-mar ao se 'cortarem' não se reconstituem por mero feito do acaso.
Eu desci por amor ao mar, mas cai aqui. Sorte?
Pense numa imensidão, é assim onde vivem as estrelas. Estrelas não tem cérebro, não sentem nada. Ou melhor, sentem, mas de uma forma diferentíssima. Estrelas podem sentir o amor. Não como se entende por aqui. Mas acho que elas sentem o amor como ele realmente é.
É difícil descrever a vida de uma estrela, o que se sabe é que é o ser mais brilhante que existe, mais até que o sol. Brilham mais do que podem, mais do que a própria vida. E ainda são os seres mais apaixonados.
Ah, o mar. Muitas e muitas estrelas se apaixonam perdidamente por ele. Volta e meia se pode ver uma estrela cadente se entregando ao seu amor.
Ah, o mar. Tão grande, tão formoso mesmo sem forma. Lisonjeado, acolhe cada estrelinha com o mais cuidadoso carinho. Estrelas-do-mar ao se 'cortarem' não se reconstituem por mero feito do acaso.
Eu desci por amor ao mar, mas cai aqui. Sorte?
março 20, 2010
Cai, cai estrela 19:46
Várias pessoinhas já desenvolveram trilhões de teorias sobre estrelas cadentes. O que ninguém sabe é que estrelas cadentes não realizam desejos. Na verdade elas só estão em busca da realização do próprio.
No céu, o nosso querido céu, as estrelas nem imaginam que existam outros seres muito menos naquela incrível bola achatada onde vive o mar. Aliás, estrelas não se 'mexem', não 'sentem', não 'olham', não são como os humanos (um dia eu conto). O que se precisa saber é que as estrelas ficam boa parte do tempo olhando para o mar. O incrível mar.
Eu que já vivo na terra ainda consigo sustentar a idéia de quando estrela. O mar é mesmo incrível. Todas as estrelas amam o mar. Algumas reservam utopias e mirabolam planos. Não são muitas, nem tão poucas, mas existem várias estrelas que acabam amando tanto o mar que, literalmente, caem de amores.
Num desejo um tanto quanto insano e sem saber o que se sucederá, estrelas abrem mão de tudo e vão largando sua luz, brilho e seguem em direção ao mar.Se tornam cadentes _em todos os sentidos. Foi assim que nasceram as estrelas-do-mar, o que não quer dizer que todas as estrelas-do-mar foram estrelas-do-céu antes.
Nem todas as cadentes são bem sucedidas. Eu cai na terra por engano. Foi o melhor de todos os enganos, mas isso vou contar em outro conto.
No céu, o nosso querido céu, as estrelas nem imaginam que existam outros seres muito menos naquela incrível bola achatada onde vive o mar. Aliás, estrelas não se 'mexem', não 'sentem', não 'olham', não são como os humanos (um dia eu conto). O que se precisa saber é que as estrelas ficam boa parte do tempo olhando para o mar. O incrível mar.
Eu que já vivo na terra ainda consigo sustentar a idéia de quando estrela. O mar é mesmo incrível. Todas as estrelas amam o mar. Algumas reservam utopias e mirabolam planos. Não são muitas, nem tão poucas, mas existem várias estrelas que acabam amando tanto o mar que, literalmente, caem de amores.
Num desejo um tanto quanto insano e sem saber o que se sucederá, estrelas abrem mão de tudo e vão largando sua luz, brilho e seguem em direção ao mar.Se tornam cadentes _em todos os sentidos. Foi assim que nasceram as estrelas-do-mar, o que não quer dizer que todas as estrelas-do-mar foram estrelas-do-céu antes.
Nem todas as cadentes são bem sucedidas. Eu cai na terra por engano. Foi o melhor de todos os enganos, mas isso vou contar em outro conto.
março 15, 2010
fevereiro 23, 2010
Uma estrela e o Brilho 10:50
Era uma vez uma estrelinha que vivia bem longe de onde deveria estar, o céu. Onde ela vivia, agora, haviam outros sereszinhos que também tinham luzeszinhas. Com o passar do tempo as luzeszinhas desses seres foram mudando e cada um tinha uma luz diferente e nesse novo lugar as luzes precisam ser iguais pra tudo ficar bem. A estrelinha tinha a luz mais forte de qualquer outra, pois era uma estrela. Ao ver o brilho dos outros sereszinhos se apagando ela se desesperou. Estrelas gostam de lugares harmoniosos.
Num pensamento mais que insonte e ligeiro achou a solução avassaladora. Num silêncio a ação se fez, a estrela rapidamente tirou sua luszinha e a repartiu pelos sereszinhos que dormiam.
O que aconteceu em seguida, a estrela já sabia, mas seu coração doía. Ao tirar sua luszinha abria mão, inevitavelmente, de viver com os sereszinhos que só viviam com quem tinha o brilho igual. E ela agora, nem brilho mais tinha.
Num pensamento mais que insonte e ligeiro achou a solução avassaladora. Num silêncio a ação se fez, a estrela rapidamente tirou sua luszinha e a repartiu pelos sereszinhos que dormiam.
O que aconteceu em seguida, a estrela já sabia, mas seu coração doía. Ao tirar sua luszinha abria mão, inevitavelmente, de viver com os sereszinhos que só viviam com quem tinha o brilho igual. E ela agora, nem brilho mais tinha.
fevereiro 02, 2010
Indolor saudade 17:16
Tem dias que bate um aperto que faz o ar sumir, o coração quase fugir de tanto se espremer, acho que é saudade. Já ouvi tantas definições de saudade, algumas até parecidas com a que sinto, mas a minha não dói.
Há quem diga que saudade mata, eu não acredito. Não é só porque minha saudade não dói que ela é pequena ou menor que qualquer outra, não. Saudade é pura, é doce, é uma gostosa lembrança.
Tenho saudade de vocês, estrelas. Ainda bem que ao menos dá pra vê-las.
Há quem diga que saudade mata, eu não acredito. Não é só porque minha saudade não dói que ela é pequena ou menor que qualquer outra, não. Saudade é pura, é doce, é uma gostosa lembrança.
Tenho saudade de vocês, estrelas. Ainda bem que ao menos dá pra vê-las.
janeiro 25, 2010
Insonte amor 14:44
Era só uma estrelinha. Ele nunca ligou, sempre cuidou de cada uma. E a família era grande, é grande. Um dia eu, que pra sua tristeza não fui a primeira, resolvi partir.
Mesmo aqui, longe, ele ainda cuida. Me abraça.
Acho que agora sei, seu amor é o maior, Céu.
Mesmo aqui, longe, ele ainda cuida. Me abraça.
Acho que agora sei, seu amor é o maior, Céu.
janeiro 21, 2010
Doce abraço. 11:19
Olhar o Céu. Tanto tempo longe, tanto tempo sem dar atenção. O coração, que agora é meu, aperta e se sente um 'cadinho só. Não, ele não hesita.
Todo mundo pensa que ele chora. Mas afinal, o que entendem sobre ele? Tão cuidadoso e tão justo.Ele não chora, nem quando tá triste.Simplesmente, vem e nos faz companhia.
Me abraça. Sempre que pode, me abraça.
Obrigada por tudo, querido amigo Céu.
Todo mundo pensa que ele chora. Mas afinal, o que entendem sobre ele? Tão cuidadoso e tão justo.Ele não chora, nem quando tá triste.Simplesmente, vem e nos faz companhia.
Me abraça. Sempre que pode, me abraça.
Obrigada por tudo, querido amigo Céu.